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A gerente comercial Juliana Brasileiro, de 35 anos, percorre as gôndolas e vai enchendo a cesta com produtos como aromatizantes para autos, óleo de motor, fusíveis e capa de volante.

Juliana não está num supermercado, mas numa loja de autopeças, em Sorocaba, a 92 quilômetros de São Paulo, a primeira da multinacional Autozone no País. Gigante do setor, a empresa líder do mercado nos Estados Unidos desembarcou no Brasil em setembro do ano passado de olho no público feminino.

De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos (Sincopeças), as mulheres já representam 40% da clientela.

Outras redes, como a Ancora, com 750 lojas em 13 Estados, a PitStop, do grupo Comolatti, e a Mercadocar, de São Paulo, também contribuíram para modernizar o conceito das lojas de autopeças. O próximo passo, segundo especialistas, será o aporte de investimentos de grupos financeiros no setor.

A Autozone de Sorocaba tem a configuração de um supermercado. Os 14 mil itens estão distribuídos por zonas com plaquetas indicativas facilitando o autoatendimento. O estacionamento é amplo e o ambiente interno, agradável. “A toalete é limpa e perfumada, mas o espelho poderia ser um pouco maior”, sugere a cliente Juliana.

O gerente José Ilson de Senna conta que os vendedores foram treinados para assessorar as consumidoras na escolha do produto correto. “Às vezes, elas não sabem exatamente qual é o modelo do veículo, por exemplo.”

As linhas de acessórios trazem apelos para o novo público, como os “cheirinhos” com fragrâncias de perfumes clássicos e os tapetes para carros coloridos.

O executivo da Autozone no Brasil, Maurício Braz, contou que a abertura da loja foi precedida de um estudo sobre as preferências do brasileiro. Ele disse que o aumento na presença feminina já foi sentido nas lojas dos Estados Unidos e do México. “Buscamos criar um ambiente confortável e acolhedor.”

A loja de Sorocaba tem um setor exclusivo para motociclistas, um diferencial em relação às unidades do exterior.”Percebemos que a frota de motocicletas está crescendo muito”, justificou.

Outro destaque é o setor direcionado para mecânicos e instaladores, que dispõe de um catálogo eletrônico que permite a visualização da peça e de suas características.

De acordo com Braz, a Autozone mantém o plano de abrir de 12 a 15 lojas no Estado de São Paulo ainda este ano. Ele adiantou que as próximas unidades vão atender a capital e seu entorno e serão inspiradas no modelo de Sorocaba. “Estamos satisfeitos com nossa estreia no Brasil, um país em que o mercado automobilístico está a todo vapor.” O grupo tem 4.685 lojas nos Estados Unidos e 321 no México.

O presidente do Sincopeças, Francisco Wagner de La Torre, atribui a chegada das grandes redes de varejo de autopeças ao bom desempenho do mercado. O aumento nas vendas de carros a partir de 2007 se reflete, a partir de agora, numa expansão no consumo de peças. “O carro zero passa a ser cliente do setor de peças depois que termina o prazo da garantia.”

A atração de novos consumidores, como as mulheres, também se deve à profissionalização do setor. “A frota brasileira ficou muito diversificada e exigiu que o varejista se modernizasse. Hoje, não dá para pensar mais naquele modelo de loja com alguém atrás de um balcão que o comprador apareça”. La Torre estima o índice de formalidade em 80% e acredita que até 2014, o setor será totalmente formal.

[Via Estadão]